Belta

Busca por intercâmbio após ensino médio sobe

Em dois anos, número de intercambistas entre 18 e 21 anos mais que dobrou – passando de 40,2 mil, em 2015, para mais de 90,9 mil em 2017

Isabela Palhares, O Estado de S.Paulo

04 Abril 2018 | 03h03

Em dúvida sobre o que estudar na faculdade, Laura Barboza, de 18 anos, saiu do cursinho pré-vestibular no ano passado para um intercâmbio de seis meses. Além de aprimorar o inglês, ela esperava que a viagem a ajudasse a ser mais independente e auxiliasse na escolha profissional.

Assim como Laura, 3 em cada 10 brasileiros que vão estudar no exterior já são formados no ensino médio. É o que mostra uma pesquisa da Belta, associação nacional das agências de intercâmbio. Em dois anos, o número de intercambistas entre 18 e 21 mais que dobrou – de 40,2 mil, em 2015, para mais de 90,9 mil em 2017.

A pesquisa revela uma antecipação na procura pelo intercâmbio. Em 2015, a faixa etária com a maior procura era entre adultos de 30 a 39 anos (23,8%). Para Maura Leão, presidente da Belta, as famílias estão mais dispostas a adiantar o investimento e procuram as viagens para o exterior como forma de incentivar o jovem a amadurecer.

“A graduação em outros países já é vista como uma realidade mais próxima para os brasileiros. Outra procura grande é a de quem quer fazer um curso de curta duração para vivenciar outra cultura, ter mais liberdade. Muitos querem fazer um gap year antes de ingressar na faculdade para amadurecer a decisão”, conta Maura.

Laura diz que a mãe a incentivou a viajar por entender que, assim, teria mais firmeza na decisão entre cursar Medicina ou Odontologia. “Saí da escola e havia uma pressão para que eu soubesse o que queria estudar. Comecei a fazer cursinho, mas sentia que precisava de um tempo para decidir. O intercâmbio foi ótimo para me dar isso”, conta.

Ela passou três meses estudando inglês na Nova Zelândia e depois fez um “mochilão” por mais três meses em países da Ásia. De volta ao Brasil, decidiu que faria Medicina, mas quer continuar a experiência no exterior e, por isso, vai para a Argentina em julho, onde começará a faculdade. “Amadureci demais nesses seis meses que fiquei fora. Aprendi a cozinhar, lavar roupa, me comunicar melhor, ser independente. Fui na época certa da vida porque conseguia dar valor a tudo o que a viagem me acrescentava”, diz.

Idioma

Segundo a pesquisa, 46,4% dos intercambistas brasileiros que viajaram em 2017 foram fazer curso de idiomas e 12,1%, a graduação. A maior procura (30,5% dos que viajaram) é por cursos de curta duração (de até um mês). É o caso de Bruno Pontes que passou 30 dias no Canadá, país com maior procura para intercâmbio, para melhorar sua fluência em inglês.

“Sempre quis conhecer outros países, mas fazer intercâmbio nunca fez parte da minha realidade financeira. No primeiro ano da faculdade, percebi que, economizando um pouco por mês, conseguiria viajar e fazer um curso”, conta. Ele foi quando tinha 19 anos, durante as férias do trabalho.

Para Pontes, o intercâmbio trouxe retornos profissionais. “Voltei com um perfil de independência e liderança que não tinha. Foi nítida a mudança, porque lá tive de me virar e resolver tudo sozinho. Isso com certeza é valorizado pelo mercado e me destacou no meu emprego”, diz.

Andrea Tissenbaum, consultora e especialista em educação internacional, diz que o intercâmbio após o ensino médio é muito valorizado pelo mercado pelos benefícios que traz ao jovem. “No início da vida adulta, ele faz a viagem muito mais focado e aberto aos aprendizados e à cultura do país. Já o adolescente tende a ficar agrupado com outros brasileiros, não tem liberdade para viajar e conhecer o lugar e, por isso, não aproveita tanto.”

 

Fonte: Estadão

Replicado por: Época Negócios | IstoÉ | PortalUOL | Correio Braziliense

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